Copiar da lousa, uma prática comum nas salas de aula, pode ser uma atividade desastrosa quando não bem orientada. Alunos podem se tornar meros "copistas iletrados", que, apesar de desenvolverem uma caligrafia impecável, não compreendem o que estão copiando.
O que podemos fazer, então, para transformar essa tarefa simples em uma experiência rica e significativa?
A chave está em entender as habilidades cognitivas subjacentes a essa atividade. Existem processos mentais que entram em jogo durante o ato de copiar da lousa. Vamos explorar dois dos principais:
1. Atenção e Memória de Trabalho
Esses dois processos são fundamentais para que o ato de copiar da lousa se torne uma prática de aprendizagem efetiva. Atenção é necessária para focar no conteúdo e memória de trabalho para armazenar temporariamente as informações que serão copiadas.
Primeiro Passo: Leitura Atenta
Antes de mais nada, incentive os alunos a lerem palavra por palavra, e não apenas letras ou sílabas isoladas. Aproveite essa oportunidade para trabalhar a consciência fonológica — por exemplo, mostrando que algumas palavras podem ser compostas por apenas uma letra, como "a" ou "o", enquanto outras têm várias sílabas.
Evite que os alunos copiem mecanicamente. Explique quais processos cognitivos estão envolvidos na cópia da lousa, pois isso aumentará o engajamento e a compreensão do estudante durante a tarefa. O que nos leva ao segundo passo.
2. Desafio Cognitivo: Memória e Automonitoramento
No segundo passo, desafie os alunos a lerem e manterem na memória mais de uma palavra por vez. Em geral, de acordo com a minha experiência tanto de sala de aula quanto no consultório, o número de palavras pode variar de duas a quatro, dependendo do nível da turma e de características próprias dos alunos e das palavras. Direcionar os alunos a copiarem da lousa dessa forma estimula simultaneamente a memória de trabalho e a compreensão.
Lembre-os de que o ideal não é copiar uma palavra por partes, mas reter a palavra inteira na memória, ao mesmo tempo que procuram compreender o que for sendo escrito. Muito importante é que depois de cada trecho copiado os alunos sejam ensinados a conferirem se escreveram corretamente. Aqui, entra o importante conceito de automonitoramento, uma função executiva complexa, essencial tanto para crianças quanto para adultos.
Ao aplicar essa prática, você não está apenas ensinando os alunos a copiarem, mas está desenvolvendo neles habilidades como atenção, memória de trabalho, automonitoramento, além disso, esta forma de copiar da lousa fortalecerá o armazenamento ortográfico das palavras na memória de longo prazo.
Ensinar com Evidências Vai Além das Atividades
O ensino baseado em evidências não está apenas nas atividades que escolhemos, mas também na maneira como as aplicamos. Atividades simples, como copiar da lousa, podem ser transformadas em oportunidades valiosas para desenvolver habilidades cognitivas superiores, preparando os alunos para enfrentar os desafios acadêmicos e da vida cotidiana.
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Vamos, juntos, transformar a Educação!
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