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Foto do escritorGabriel Brito

Lendo de A à Z como um ator

Atualizado: 23 de jan. de 2023

Sabe aquele aluno que, mesmo lendo corretamente, realiza a leitura de maneira lenta e silabada, e ao final do texto tem dificuldade para compreender o que foi lido?


Lendo de A a Z como um ator é um material pensado para esse tipo de aluno. Alunos que já aprenderam de forma explícita todas as relações grafo-fonêmicas, mas ainda não automatizaram o reconhecimento de palavras. Este tipo de leitura lenta e silabada sugere, segundo o modelo de Ehri, que o aluno está fazendo uso da estratégia alfabética de leitura, ou seja, está decodificando letra a letra.


Numa abordagem mais relacionada ao funcionamento cerebral, podemos dizer que ele está reconhecendo a palavra por meio da rota fonológica (Ellis & Young), em outras palavras, isso significa que ao se deparar com uma palavra escrita, o aluno aciona os circuitos neurais responsáveis pelo processamento das informações fonológicas, para depois acionar os circuitos responsáveis pelo processamento do significado das palavras. Estudos com pacientes que sofreram determinadas lesões cerebrais, são as evidências mais contundentes a respeito da existência de um circuito neural responsável pela decodificação das palavras, bem como um circuito especializado no reconhecimento visual direto das palavras (Dehaene).


Esse processo de decodificação letra por letra ou sílaba por sílaba, é comum tanto em relação a leitores iniciantes (alunos do primeiro ano, por exemplo) como em relação a leitores proficientes, como por exemplo, quando adultos devidamente alfabetizados se deparam com uma palavra desconhecida ou pouco frequente. Contudo, atenção, alunos mais velhos podem ficar indefinidamente utilizando essa estratégia de leitura silabada por terem sido expostos a métodos ineficazes de ensino que retardam e prejudicam o aprendizado das relações grafo-fonêmicas. Algo que, infelizmente, é muito recorrente em nosso país. Outro fator que pode dificultar que a leitura seja realizada de forma mais automatizada é quando a pessoa apresenta algum transtorno do neurodesenvolvimento, como no caso da dislexia, um transtorno específico de aprendizagem.


Estratégias para estimular a leitura fluente, como a leitura repetida de pequenas frases, têm por objetivo incentivar a leitura por meio da estratégia ortográfica (Ehri), ou seja, por meio do reconhecimento visual direto da palavra (Ellis & Young), sem a necessidade da decodificação. Em outras palavras, atividades como as do material Lendo de A à Z como um ator, são desenvolvidas para que, ao se deparar com uma palavra, o aluno acione o léxico mental, ou seja, os circuitos neurais responsáveis pelo armazenamento das palavras já lidas, o que Ellis e Young chamaram de rota lexical.


A seguir, apresento as possibilidades de uso das atividades de Lendo de A à Z como um ator


Indicação de uso

  • Alunos do primeiro ano já alfabetizados, mas que precisam consolidar a leitura por meio da rota lexical.

  • Alunos com dificuldades ou transtornos de aprendizagem, como a dislexia.

  • Alunos com outros transtornos do neurodesenvolvimento.


Formatos


As versões coloridas podem ser impressas e plastificadas, especialmente as de tamanho grande. Este formato pode ser bastante interessante para o uso no consultório clínico. Destaca-se que a beleza do material tende a aumentar a motivação e o engajamento na tarefa.


As versões em tamanho pequeno foram pensadas para o uso em sala de aula, pois facilita a impressão para um número maior de crianças. Outra ideia bacana é construir um chaveirinho com as fichas que os alunos vão colecionando ao longo dos dias.

Além do material ser apresentado em diferentes tamanhos, disponibilizamos também em preto e branco, afim de tornar a impressão mais acessível.


Instruções de aplicação

Antes de começar a tarefa, diga que o objetivo da atividade é que ele leia como um ator, ou seja, sem silabar, mostre para ele as setas, se necessário, simule a leitura como robô e como ator. Você pode utilizar o material de Metacognição Leia como uma estrela

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É diferente ler de forma automática (reconhecimento visual direto / rota lexical) e simplesmente adivinhar ou falar de memória as palavras da atividade. Por isso, peça que o aluno sempre leia passando o dedo nas setinhas abaixo das palavras. Para diminuir as chances do aluno “fingir que está lendo”, além de ter as setas como um mediador externo, algumas frases não são exatamente iguais, estimulando que o aluno esteja atento e de fato utilizando a estratégia da rota lexical.


Caso o aluno leia silabando, aponto para o símbolo da estrela “não leia como um robô".

Após ler cada frase, peça que o aluno circule a figura ao lado, isso indicará se ele compreendeu o que foi lido.


Dê dicas explícitas a respeito da entonação adequada de acordo com os sinais de pontuação, para isso, utilize novamente o material Metacognição Leia como uma estrela

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Fortalecimento da forma ortográfica

Sempre peça que o aluno escreva a frase que leu e complete com uma outra palavra que começa com a letra da atividade em questão, este tipo de estratégia tem o objetivo de fortalecer a forma ortográfica das palavras


Prosódia

Após ler as frases e circular as figuras adequadas, diga para o aluno que agora vocês farão o jogo dos sinais. O jogo é composto por 4 cartas, cada uma com um sinal específico de pontuação (? . ! ...). Você pode utilizar apenas uma carta ou as quatro.

Use a primeira frase como treino, mostre para o aluno como seria a entonação correta se a frase terminasse com certo tipo de sinal ou sinais. Nas próximas 4 frases o aluno deverá ler conforme vocês ensairam.


Gostou das estratégias apresentadas nesse post? Deixe seus comentários a respeito.


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Referências

Ehri, L. C. (2013). Aquisição da habilidade de leitura de palavras e sua influência na pronúncia e na aprendizagem do vocabulário. In M. R. Maluf & C. Cardoso-Martins (Eds.), Alfabetização no século XXI: Como se aprende a ler e a escrever (pp. 49–81). Penso Editora.

Ellis, A. W., & Young, A. W. (1988). Human cognitive neuropsychology. Lawrence Erlbaum

Dehaene, S. (2012). Neurônios da leitura: Como a ciência explica a nossa capacidade de ler (1st Ed.). Penso Editora.

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